Crítica de Cinema: O Homem de Aço

sábado, julho 13, 2013

Resenha por Thales Américo



Super? Quase.

Qualquer um que conheça a filmografia do estiloso diretor Zack Snyder recebeu a notícia de que o mesmo iria dirigir um reboot para o mais famoso super herói para o cinema com desconfiança. Qualquer um que consiga separar os gêneros. Cinema e histórias em quadrinhos não são as mesmas coisas, o mesmo vale para com literatura e afins. Não é porque o material já possui uma legião de fãs que se deve fazê-lo apenas para esse público em outras mídias. E é com essa perspectiva que, até então, Zack Snyder fazia seus filmes: restringir o filme apenas para quem já conhecia o material anterior, acrescentando um visual deslumbrante. 

Em 300, Watchmen e até o, apesar de não parecer desenvolvido pela própria mente do diretor, Suckerpunch, não conseguia desenvolver um personagem que realmente empolgasse ou imprimir alguma emoção a quem o assistisse. Talvez o que deixe isso mais evidente seja o do grupo de heróis ultrapassados que em suas longas quase três horas de duração, apesar de ser um ótimo filme para quem conheça ou goste de histórias em quadrinhos, se torne um dos filmes mais chatos com sua excessiva fidelidade para quem nunca tenha ouvido falar no tal, tudo com uma trilha sonora ultra emotiva e que soava desconexa com as cenas que com ela eram mostradas. Músicas e visuais lindos, porém, se a emoção surge da união destes dois fatores já é outra história. 

A esperança surgiu quando foi anunciado que Christopher Nolan, que transformou a trilogia Batman em obras-primas policiais cheias de sentimentos, estaria a cargo da produção. Aqui, ele produz e roteiriza ao lado de David S. Goyer, também roteirista dos três filmes do homem morcego. Assista-se “O Homem de Aço” e pode-se dizer que: destruam os temores, é um grande filme.

Ao contrário do que muitos esperavam, o roteiro e a direção aqui trabalham lado a lado com muito êxito. Clark Kent é mostrado além do herói. Super por fora (em todos os sentidos da palavra), mas surpreendentemente vulnerável por dentro, cheio de dúvidas e melancolias que criam um laço forte com o espectador. Além disso, esses momentos de conexão com o espectador se criam com flashbacks reflexivos que mostram o decorrer da infância de Clark. De forma não cronológica, a direção de Snyder se mostra segura e precisa em muitos momentos. Aliás, a impressão que martela a cabeça do espectador um pouco mais sabido de sua filmografia é que o estúdio ou o produtor (talvez os dois) tenham puxado as orelhas dele a respeito de sua marca autoral, os slow-motions. Não só por isso, aqui ele consegue unir um ótimo drama com ótimos personagens a ação arrebatadora e empolgante, embalada com a trilha sonora sempre colossal de Hans Zimmer. O diretor não só dirige Henry Cavill com sabedoria, mas como todo o elenco, que se sai muito bem. Por ora, fica incômoda a intenção de colocar a ótima Lois Lane sempre no centro da ação, quase nunca explicando o porquê de ela estar onde está. Aliás, o romance entre ela e o personagem-título é tão mal desenvolvido quanto o de Selina Kyle e Bruce Wayne. Apesar de Adams e Cavill atuarem muito bem juntos, não possuem química relevante ou algum romance que seja sentido.

Já na ação, embora o diretor pese a mão nos efeitos especiais (e na sua perversão em enquadrar os corpos perfeitos do casal principal), é tudo feito com muita inventividade e empolgação. Mesmo com um pouco (muito) de excesso em seus últimos 40 minutos, o saldo do filme ainda é positivo, e muito. Assim como Nolan transformou o cavaleiro das trevas em um filme de investigação policial, que é uma das adaptações mais influentes das histórias em quadrinhos, Zack Snyder transformou o homem de aço em um filme de ficção científica, com sua visão extraterrestre e não apenas “heroística” do Superman entre a humanidade. Talvez ele não seja tão copiado quanto Batman foi, mas com certeza vai mostrar pra Warner que a DC Comics ainda pode ter excelentes filmes no cinema, basta ter força de vontade (entendedores entenderão [Lanterna Verde, nem tudo está perdido!]) em chamar uma equipe que saiba o que está fazendo. Pode ser cedo para afirmar, mas se continuarem com a qualidade dos dois maiores heróis da editora no cinema, será muito mais aproveitável assistir uma união destes do que seguir com os eficientes infantis da imensa Marvel. 

Mesmo com seu cacife de imenso blockbuster, olhando em retrospecto, é de se enxergar um drama reflexivo e envolvente com cara de filme independente em “O Homem de Aço”. Nada melhor que emoção unida à ação em uma mistura homogênea.

Original: Man of Steel
Ano: 2013
Direção: Zack Snyder
Elenco: Henry Cavill, Amy Adams, Russell Crowe
Duração: 143 minutos
Gênero: Aventura, Ação
Classificação: 12 anos
Nota: 8/10

2 comentários:

Gabriel Ribeiro Gomes disse...

Oie :)

Nossa parabéns sua opinião foi muito clara e ressaltou todos os pontos negativos e positivos do filme, estou empolgado para assistir :D

http://euvivolendo.blogspot.com.br/ ( comenta lá :D )

Joshua Guimarães disse...

Crítica muito bem escrita. Você deixou bem claro todos os pontos positivos e negativos do filme. Meu irmão assistiu e gostou bastante, e pretendo ver também em breve. Acho que já pelo trailer dá pra perceber que vai ser um filmaço! Na minha opinião eles acertaram bem em uma adaptação do Superman, dando um novo visual!

Abraços, Joshua Guimarães
Blog Pensamentos do Joshua - pensamentosdojoshua.blogspot.com

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