Crítica de Cinema: Percy Jackson e o Mar de Monstros

sexta-feira, agosto 30, 2013

Resenha por Thales Américo

Personagens crescem, a história continua acéfala.
Sem esse papo de fanboy: os livros de Rick Riordan não são cópias de Harry Potter. Pode estar certo dizer que as semelhanças não são somente coincidências, mas a pegada de Percy Jackson é outra: trazer a mitologia grega, que estava cada vez mais esquecida, para o público jovem. Afinal, uma mitologia com muito material criativo e cativante pra contar não merece cair no limbo do esquecimento. E aí está a maior originalidade dos livros, eles conseguem dar uma aula de história grega com personagens cativantes em tempos atuais. Assistindo à adaptação do primeiro livro para os cinemas, se é que se pode chamar de adaptação, fica visível que as mudanças que fizeram na transição das páginas pra tela soam desnecessárias e só contribuem para furos de roteiro. Além de faltar explicações essenciais para a seqüência, o filme não possuía nem ao menos um motivo para o que acontecia com Percy (alguém que não tenha lido o livro lembra do porquê de Zeus achar que Percy tinha roubado o raio?), e junto disso as tentativas de despontar alguma emoção no espectador não funcionavam nem mesmo com os atores (quando o protagonista descobre que sua mãe morreu, ele decide participar de uma gincana dois minutos depois de tentar, sem sucesso, lacrimejar e lamentar). No cinema, Chris Columbus queria criar uma nova franquia milionária, repetir o sucesso. Cabe agora ao novato Thor Freudenthal a tentativa de tirar a franquia do poço. Não é que este segundo, “Percy Jackson e o Mar de Monstros” seja um desastre, além de ser prejudicado pelo seu antecessor, precisando explicar fatos que já deveriam ter sido explicados, o diretor não consegue desenvolver química entre os personagens nem empolgar na maioria das cenas de ação. Agora, Percy vai por conta própria ao Mar de Monstros (triângulo das bermudas para nós mortais) para salvar seu amigo Grover e buscar o Velocino de Ouro, salvando o pinheiro de Thalia, filha de Zeus, que protege todo o Acampamento Meio-Sangue.

Apesar de possuírem um script insosso em mãos, os atores principais parecem estar mais dispostos, o problema é que seus diálogos e suas personalidades levemente alteradas não ajudam. O roteiro não só peca em desenvolver a trama e os personagens como não coloca a mitologia grega como centro da trama, não se preocupando em trazer a esta para a atualidade, se tornando justamente o que o livro lutava para não ser. Nem os personagens conhecem seu próprio fundamento e como também desconhecem a obra em que o “Mar de Monstros” fora baseado (Homero se revira no túmulo).

Se não funciona na interação dos protagonistas nem na mitologia que era para eles contarem, só nos resta a diversão das cenas de ação. Embaladas pela trilha sonora mais esquecível que até a Sessão da Tarde já ouviu, a ação é bem montada e faz os 100 minutos de roteiro passarem rapidamente. Mas não se preocupe se não conseguir lembrar de algo marcante no filme depois de assistir. 

Apesar dos protagonistas serem mais “adultos”, digamos assim, no filme, a história e o que o filme tem a dizer continua servindo apenas para crianças menores de 6 anos. Uma oportunidade perdida, poderia ser muito melhor ou então “menos pior”. Com $100 milhões arrecadados no mundo inteiro tendo custado $90 estando há três semanas em exibição, a franquia Percy Jackson nos cinemas está morta. Que sirva de lição para um futuro remake, se tiverem coragem.

Original: Percy Jackson: Sea of Monsters
Ano: 2013
Direção: Thor Freudenthal
Elenco: Logan Lerman, Alexandra Daddario, Douglas Smith,
Leven Rambin, Brandon T. Jackson, Jake Abel
Duração: 106 minutos
Gênero: Aventura, Fantasia
Classificação: 10 anos
Nota: 4/10

8 comentários:

allan disse...

Concordo em tudo, inclusive na nota 4/10, mas me sinto forçado a dar um ponto positivo pelo casting da Leven Rambin e do Douglas Smith, e à cena de flashback. Eles foram as melhores adições, ofuscando as míseras cenas do Stanley Tucci e o Nathan Fillion.

Valbert Moraes disse...

Olá Anderson, primeiro gostei da sua critica. Apesar de ainda não ter visto o filme (e nem sei se verei, por opção) vi muitas criticas argumentando que filme não conseguiu atingir o resultado esperado, eu mesmo fiquei um pouco decepcionado quando os trailers começaram a sair e mostravam um filme diferente do livro. Certo que, por ser um adaptação teria que haver algumas mudanças, porém algumas já são demais!! Mar de Monstros é um livro muito bom e ver que a grande maioria dos fãs não gostou da adaptação é triste, mas a verdade é que não se fazem mais adaptações boas nos dias de hoje (e verdade que existem poucas exceções). Por vezes acho que os estúdios não estão preocupados em agradas ou não aos fãs dos livros, e sim em conseguir o melhor retorno possível em bilheteria.
Bem é isso....
http://sededeficcao.blogspot.com.br/

Maria Silvana Santana disse...

Oie, vi o blog na página de divulgação vim conhecer e seguindo
Owwwww, que fiquei muito chateada em sabe disso tudo :s
Quero assitir só para ter uma opinião própria, contudo acho que não vai furgi da tua.

Beliscões carinhosos da Máh :)
Cantinho da Máh
@Maaria_Silvana

Sofia Trindade disse...

Gostei da sua critica estava em duvida porque todos os fans falam tão bem do filme. Acho mesmo que os atores acabaram mudando a personalidade dos personagens um exemplo disso é a Annabeth no filme ela é uma menina bem arrogante no começo (ladrão de Raios) já no livro ela é uma menina apaixonante;
Mas espero que o Tyson não me desagrade.

Formula-amor.blogspot.com

thales américo disse...

No primeiro filme ela era uma esperta arrogante, nesse ela é uma apaixonada tão inteligente quanto uma porta.

fabdosconvites disse...

E olha que a série literária é ótima, uma pena que não conseguem passar isso para as telas.
Bjs, Rose.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Julgando por este aspecto mais técnico, o filme realmente deixa a desejar. Um coisa eu afirmo: foi melhor que "Ladrão de Raios". Amo os livros de paixão, me diverti muito. Embora tenham feito modificações absurdas, consegui me divertir um pouco. Agora nos resta esperar como será "A Maldição do Titã"

Tinha escrito Tiãs* ¬¬

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