Boy Erased - Uma Verdade Anulada, de Garrard Conley

sábado, agosto 17, 2019



Título original: Boy erased
Editora: Intrínseca
Tradução: Carolina Selvatici
Páginas: 320
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Em seu elogiado livro de estreia, Garrard Conley revisita as memórias do doloroso período em que participou de um programa de terapia baseado no estudo da Bíblia que prometia “curá-lo” de sua homossexualidade.

Você sabia que ainda hoje, no Brasil, existem clínicas ilegais de reabilitação que oferecem a “cura gay”? Nestas, pessoas LGBT+ são submetidas à tortura física e psicológica, na maioria das vezes relacionando o processo de “libertação” à religião.

Em Boy Erased, Garrard Conley descreve a sua própria experiência em uma dessas clínicas nos Estados Unidos, em 2004. Aos dezenove anos, depois de um acontecimento que expõe a sua sexualidade aos pais, Garrard se vê forçado a aceitar passar pela terapia de conversão que promete, principalmente aos pais dele, curá-lo da homossexualidade.

“Ao escolher o poder da invisibilidade, eu também tinha desistido da minha voz.”


Em um relato incômodo e muito reflexivo, o autor dispõe as suas memórias para que pensemos em nossas próprias. Até onde o ser humano está disposto a se torturar e renegar a própria voz para se adequar à uma lista de regras da impostas pela religião e pela sociedade? A pergunta não é respondida no livro, afinal, cada qual deve ter a capacidade de chegar na sua própria conclusão, mas Garrard dá ao leitor ferramentas mais que o suficientes para que o pensamento no final seja certeiro.

— Meu coração não pode ser separado de mim. Isto sou eu. Eu por inteiro. Viu?”

Boy Erased é uma história que não acaba quando termina, daquelas que mesmo meses depois de finalizada causa reflexões e gera pensamentos que questionam o nosso posicionamento quanto ao preconceito e a homofobia, no faz refletir sobre todas as vezes que deixamos de demonstrar amor para que não soframos preconceito, nos faz pensar em como, quase sem querer, tentamos nos remoldar para que caibamos na “normalidade” que nos foi ensinada. Apesar de ser um livro fácil de ler — mérito do autor que consegue dosar bem as palavras para que a história, que já é pesada, não fique ainda mais —, eu tive que pausar a leitura por várias vezes para processar as informações.

"— Nenhum pecado é grande demais para ser perdoado — costumava dizer meu pai, parafraseando o Êxodo.
Talvez isso pudesse se aplicar a mim também."

Muitas vezes o que é descrito é inacreditável, a postura de muitos personagens é inacreditável e é revoltante saber que tudo aquilo foi baseado em uma experiência real. Ninguém deveria ser obrigado a passar por essas coisas, principalmente quando estamos falando de religião e família, cujas principais funções deveriam ser o acolhimento e o amor, independente de qualquer diferença.

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