Crítica de Cinema: Jogos Vorazes

sábado, novembro 16, 2013

Resenha por Thales Américo

Uma crítica social disfarçada de romance infanto-juvenil

Vendido como um filme que dá o ponta-pé inicial para mais uma franquia juvenil comparável a Harry Potter e Amanhecer (o marketing inteiro se baseava nisso), “Jogos Vorazes” se mostra muito mais do que um simples filme adolescente.

A história é sobre um reality show onde um casal de 12 a 18 anos de cada distrito de Panem (a futurística América do Norte) são sorteados para serem jogados em uma arena e batalharem até a morte, restando apenas um. Katniss, uma adulta precoce do distrito 12, se oferece em troca da irmã que foi sorteada, tendo em vista que sua irmã jamais teria chance. Falando assim pode até parecer só mais uma edição do reality show, porém, coisas diferentes acontecem, coisas que não aconteceram nas edições anteriores.  Com essa história, Suzane Collins nos apresentou uma incrível distopia estrelada por personagens cativantes com um pano de fundo em que tinha muito a falar sobre a sociedade. Digo isso sobre o livro porque estas mesmas coisas foram mantidas no filme.

E não tinha ninguém melhor para interpretar a protagonista do que a sempre excelente Jennifer Lawrence. É impressionante o desempenho da atriz, que pouco se esforça pra ter a simpatia do público, mas se torna inevitável torcer por ela. Inclusive, todos os personagens foram fielmente retratados, o elenco todo se destaca cada vez em que aparece, como Josh Hutcherson fazendo de Peeta um sujeito simpático com um bom domínio de palavras junto ao público (conquistando-o), Lenny Kravitz estreando muito bem como o pacífico Cinna, Woody Harrelson hilário como Haymitch e uma caricata Elizabeth Banks com sua exagerada Effie Trinket aos moldes da Capital. O que tenta ganhar empatia mas acaba ficando pra terceiro plano, como já era esperado, é Liam Hemsworth com seu Gale. De resto, um elenco formidável.

Porém, o que “Jogos Vorazes” funciona como drama, não tem o mesmo êxito como ação. Lendo ao livro a dúvida que vem à tona após o início dos jogos é de que forma Gary Ross filmaria para não colocar no filme violência gratuita, assim isentando o público no qual se destina. O diretor se encontra aqui em uma eterna briga com a classificação indicativa, tendo que tomar diversos cuidados e adotar outras maneiras no seu modo de filmar, como sua câmera tremida além da conta. Assim como em certos momentos a câmera funciona transmitindo o clima de pânico, além de mostrar a violência em cortes rápidos sem expor muito como na cena da Cornucópia, em outros momentos ela é terrivelmente desnecessária, deixando o espectador com um pouco de tontura.

Além de enfrentar esse problema, Ross também teve um orçamento relativamente baixo, prejudicando bastante a estética do filme. Momentos que eram grandiosos no livro se tornam pequenos e às vezes até risíveis.

Mas claro que mesmo os efeitos estando toscos, o maior feito de “Jogos Vorazes” está em seu conteúdo, que é tão forte que não devia ser vendido em seu marketing como o substituto de franquias já acabadas.

Ao final a ponta, claro, é deixada. Toda ação tem uma reação, e Katniss não se encontra em bons lençóis. Com a saída de Gary Ross da direção, o futuro da franquia é incerto com Francis Lawrence em seu lugar, e nós, como fãs, só podemos desejar que a sorte esteja a nosso favor. Mal podemos esperar.

Jogos Vorazes


Título: The Hunger Games
Lançamento: 2012
Direção: Gary Ross
Duração: 144 minutos
Elenco: Jennifer Lawrence,
 Josh Hutcherson, Liam Hensworth
Gênero: Ação
Classificação: 12 anos
Nota: 4,5/5

5 comentários:

Victor Lopes disse...

Anderson, concordo mto com vc.
Apesar de ainda nao ter lido em chamas e a esperança ainda, amo a serie.
O filme realmente foi mto bom, as atuações fantasticas, só nao gostei mto do Gale mesmo...De resto foi td otimo, principalmente a fidelidade com o livro.
Tbm concordo que as cameras mecheram mto, isso acontecer de vez em quando em um filme de ação fica otimo, mas acontece o tempo inteiro em JV e axei que faltou enfase nas mortes, td bem q nao podia ser mto sangrento, mas axo q faltou sangue, poderia ser melhor nesse ponto.
Mas é isso aí, com ctz uma das melhores adaptações que eu ja vi!!!
Nossa, escrevi um livro aki...hahaha

Até mais

Cynthia. disse...

Eu vi muita gente elogiando essa série, principalmente os livros. MAs confesso que em momento algum eu soube do que se tratava a história, mas julguei ser bem interessante, pra chamar tanto a atenção. Quando lançaram o filme, fiquei muito tentada a conferir. Porém, depois que vi um trailer (fui buscar mais algumas informações depois, mas nada detalhado), confesso que broxei total com a história. Por mais que tenha seu próprio enredo e personagens, essa coisa de jogos televisivos em que jovens lutam até a morte impostos por um governo "tirano" é praticamente uma cópia (ou adaptação, na falta de palavra melhor) de Battle Royale, um romance japonês publicado em 1999 (ou 98, já não lembro ao certo). E, bom, eu sou fã assumida dessa história (que já foi adaptada pra mangá e pra um filmizinho bem fuleiro pra falar a verdade, mas conta), e ver depois uma versão americanizada dessa história fazendo mais sucesso do que a outra me fez repensar o que poderia achar da série. Claro que não é a mesma história, mas como eu disse, é a ideia principal que é praticamente a mesma e, sei lá, essa falta de originalidade me fez pegar uma certa "birra" de Jogos Vorazes.

Mas ainda sim eu pretendo conhecer melhor para ver se mudo de ideia, mas a princípio não me senti nem um pouco agradada...

Enfim, pelo menos é o que eu acho :P
Mesmo assim eu gostei da resenha do filme, estão falando realmente muito bem dele, da produção, da atuação, de tudo :)

Um abraço!
http://ninanoespelho.blogspot.com

Gleice Couto disse...

Sabe, não curti mt o filme mas apenas por um detalhe: a porcaria da trama tremida. Caramba, juro que fiquei MEGA enjoada com aquele troço.

MAS

A história é boazinha. Entre ler os livros e ficar enjoada, escolho o primeiro.

Beijos

Vanessa Llona disse...

Eu gostei bastante do filme, é claro que não se compara ao livro, mas no geral foi muito bom, só nã o goste do fato de terem apressado muito as coisas, os jogos acontecem em um tempo muito curto, e apesar de ser apaixonada pelo Peeta no livro, o do filme não conseguiu o mesmo efeito em mim.

Lipe Ralf disse...

Sinceramente eu gostei muito do filme. Tentaram colocar todos os elementos do livro, introduziu que não conhecia esse clima distopico de JV, e a trilha sonora foi muito boa.
Gostei muito da camera tremida, deu um efeito ótimo.
Agora é aguardar o 2º filme e ver se não irão estragar :/

Lipe Ralf
Aprendendo com meus erros

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