Crítica de Cinema: Jogos Vorazes: Em Chamas

sábado, novembro 16, 2013

Resenha por Thales Américo

Somente uma franquia juvenil?

Mesmo com um ótimo primeiro filme, a troca de diretor e roteirista não permitia com que tivéssemos plena certeza se a saga “Jogos Vorazes” viria ao cinema para ficar ou se tornaria somente mais um Nárnia (alguém se lembra do burburinho na época do primeiro filme?) da vida e cairia no esquecimento conforme cada longa fosse lançado. Respiremos aliviados: “Em Chamas” é a continuação perfeita para o que fora mostrado em seu antecessor.

Continuando logo após os acontecimentos do primeiro filme, Katniss agora não é apenas mais uma vencedora dos jogos, mas sim um símbolo. Tendo desafiado a Capital a permitir que ela e Peeta saíssem da arena juntos, os distritos de Panem viram nela a faísca para que não fossem mais sujeitados às leis impostas a eles pelo governo. O Presidente Snow, nada feliz, decide comemorar a 75ª edição dos Jogos Vorazes sorteando casais vencedores de cada distrito para, novamente, jogá-los em uma arena e lutarem até a morte. Todos vencedores, apenas um sai vivo.

Aí notamos como tudo poderia ser resumido a somente mais uma edição dos jogos se não fosse o talento de Suzanne Collins em conseguir dar seguimento à história sem esta se tornar repetitiva ao mesmo tempo em que prepara o leitor para um desfecho novo, conseguindo transmitir seu comentário social com louvor. É perceptível o maior desenvolvimento do drama, do horror, os personagens são postos em situações piores que atingem o físico de forma muito forte e o psicológico mais forte ainda. Qualquer passo que Katniss dá tem que ser friamente calculado, as ações do presidente para atingi-la ficam cada vez mais fortes. É, realmente, elevar uma história já excelente a um novo patamar. E tudo o que o livro transmitia, assim como aconteceu antes, foi feito com êxito nessa sequência, levando os fãs ao delírio e fazendo os não fãs vibrarem junto, todos sentindo a mesma emoção uniformemente. Mas agora, se quem estiver lendo esta humilde resenha e não souber quem seja Presidente Snow, o que seja Panem ou não conheça o sistema dos jogos, esse não é um filme pra você, já que em nenhum momento o roteiro se preocupa em explicar coisas de seu antecessor.

Curiosamente, o filme se sai melhor em sua primeira metade, justamente onde no livro era um tanto cansativo. E não é que essa parte seja ruim nas páginas e a segunda metade seja ruim nas telas, mas a montagem segura do novo diretor, Francis Lawrence (transformador de histórias clichês em filmes eficientes como “Água para Elefantes” e “Eu sou a lenda”), torna a turnê de Katniss mais dinâmica e também mais pesada dramaticamente, enquanto na arena, mais precisamente na parte final, deixa os fatos se desenrolarem um pouco mais rápido do que o esperado, como a interação de Katniss com os participantes que restaram a partir da resolução do plano final. Mesmo assim, essas ressalvas soam microscópicas quando colocamos na balança junto com os êxitos. Nesse desenrolar, conseguimos sentir perfeitamente o perigo ao acompanharmos as consequências dos atos da protagonista, perdida em um turbilhão de emoções, interpretada pela recém oscarizada Jennifer Lawrence, que consegue encontrar o balanceamento essencial entre as cenas tristes (que não são poucas) e as cenas de ação. Alguns personagens se vão, outros surgem, e essas adições não poderiam estar melhores, como a ácida Johanna, o inteligente Beetee e o vaidoso Finnick, todos entregando seus melhores para fazer com que tudo funcione em conjunto e conseguindo imprimir cada sentimento de seus personagens em seus diálogos.

Os temas pincelados no primeiro filme agora são pintados com tons mais pesados. As ações envolvem consequências maiores, e o comentário que Suzanne Collins fez em seus livros sobre regimes totalitários, pessoas extravagantes e o “pão e circo” estão tomando forma no cinema também. Conseguimos fazer um bom proveito da ideia proposta, tanto no livro quanto no filme, e isso nos leva ao questionamento sobre ser somente mais um produto infanto-juvenil para igualar o sucesso de outros. Tem em seu tema certa aspereza que dificilmente encontramos em outras obras do gênero. 

Por ora, “Jogos Vorazes” ainda não precisou da sorte a seu favor para ser contado de uma forma tão empolgante quanto está sendo, tudo está sendo muito bem calculado e planejado. Infelizmente, o terceiro capítulo será dividido em duas partes, assim como outras sagas de sucesso, e quem já o leu sabe que não tem tanto material assim para esticar e fazer em duas partes de duas horas e meia cada. Talvez precise de sorte, ou do mesmo time que sabe distinguir o que funciona do que não funciona no cinema. Independentemente disso, é inevitável dizer que a franquia está consolidada no cinema. Excelente pra todos os públicos, que venha o terceiro capítulo, com certeza o público será maior.


Título: The Hunger Games: Catching Fire
Lançamento: 15 de Novembro de 2013
Direção: Francis Lawrence
Duração: 146 minutos
Elenco: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth, Elizabeth Banks, Stanley Tucci, Woody Harrelson, Donald Sutherland
Gênero: Aventura, Ação, Romance
Classificação: 14 anos
Nota: 9/10

5 comentários:

Gabriel Ribeiro Gomes disse...

Oie :)

Em Chamas foi um filme que me encanto do começo ao fim. Sou tributo assumido e gritei,chorei e ri constantemente e loucamente hahaha. Beijos!

http://euvivolendo.blogspot.com.br/

Fernanda Ghiggi disse...

O filme foi espetacular, sensacional, demais!!!
Só pra comentar em relação ao terceiro filme, como vão fazer em duas partes espero que coloquem mais explicações na história (sobre a história dos personagens e de Panem), pois isso é o que eu considero a maior 'falha' dos filmes. Poderia ter uns 20min a mais nos 2 primeiros e acho que a história ficaria perfeita! Até porque a gente nem sente o tempo passar, de tão envolvente e dinâmico que o filme é!!! Quem é fã sente falta de várias cenas, mas nem todas são cruciais pra história, pra quem não leu os livros fica um pouco perdido em alguns pontos.
Confesso que A Esperança é o que menos gosto, o cotidiano no Distrito 13 é maçante e não gostei muito do processo de tomada da capital... Achei ruim a divisão em duas partes, pra mim as partes importantes caberiam em um filme. Espero q o diretor faça mágica e nos surpreenda - e ele parece ser capaz disso!

Michelle Agda disse...

Pode ter absoluta certeza que é um dos melhores filmes do ano! Sou fã da saga e não me surpreendeu que o longa tivesse tão maravilhoso :)

Tarsila Martins disse...

Adorei o filme! Não é uma das minhas sagas preferidas, mas é uma saga que eu gosto bastante. Achei a adaptação espetacular, pois hoje em dia não conseguimos ver adaptações tão fieis como essa. Espero que eu me surpreenda com A Esperança, que foi o livro que menos gostei da trilogia, demorei uma semana pra ler, e como a Fernanda Ghiggi disse acima, acho que as partes importantes caberiam num só filme, já que esse terceiro livro é bem maçante e fica remoendo muita coisa.
Enfim, gostei muito do filme e espero que os próximos sejam tão bons quanto esse ou melhores :)

fabdosconvites disse...

Que bom saber disso, pois estarei indo conferir de pertinho.
Bjs, Rose.

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