Crítica de Cinema: Mama

domingo, abril 21, 2013

Resenha por Thales Américo

Aquela sensação de "esperava mais" ou "poderia ter sido melhor".

É interessante notar a dificuldade de sair algo original em filmes de terror hoje em dia. Nove entre dez filmes desse gênero que saem por ano são terrivelmente descartáveis, não cumprindo suas devidas promessas (há alguns que nem chegam a prometer, justamente por saberem que nada de bom vai sair dali).

Bem, em 2008, surge um vídeo na internet que ninguém esperava, onde uma menina acordava sua irmã anunciando “Mamãe está de volta” e acompanhávamos as duas até a entrada da casa. Ninguém sabia do que se tratava até a conclusão do vídeo, onde todos ficaram chocados e fizeram o maior burburinho. Eis que, quatro anos depois, Guillermo Deltoro (cuja queda por temas sobrenaturais é notável) resolve apadrinhar quem dirigiu o fantasmagórico curta, até então desconhecido Andrés Muschietti. Sim, NÃO é Guillermo Deltoro quem dirige, ele apenas produz, o que se torna notável no término do filme. Não é que “Mama” seja um desastre, mas a sensação que permeia o espectador é de decepção. Decepção por um filme com uma ideia tão original caminhar tão bem na primeira metade e desembocar em algo tão genérico.

Acrescentando acontecimentos e esticando outros já mostrados anteriormente em 2008, a história começa com duas irmãs deixadas em uma casa abandonada durante cinco anos, sendo procuradas pelo irmão gêmeo de seu pai. Achadas, Victória e Lilly são adotadas pelo tio e por sua namorada, Annabel (Jessica Chastain), que não sabem como elas sobreviveram sozinhas durante cinco anos, só que se tornaram selvagens pela falta de socialização. Ao adotarem as meninas, eles começam a notar coisas estranhas na casa e a ouvi-las falando com alguém chamado “Mama”. Juntando essa premissa com a frase do pôster “Amor de mãe é para sempre” e o nome do gênio por trás do “Labirinto do Fauno” envolvido, só poderiam gerar altas expectativas. E realmente começa muito bem, aumentando a tensão com um clima pesado, onde não sabemos o que vamos ver. 

O maior êxito da direção novata de Muschietti é nos primeiros cinquenta minutos de filme, onde a entidade nunca é mostrada por completo. É como se ele deixasse pistas, mostrando somente partes da tal mamãe, brincando com o imaginário do espectador. O problema se encontra após estes cinquenta minutos, onde a personagem-título vai se exibindo mais do que o devido, já tirando uma boa parte do impacto que ela teria se fosse apenas sugerida. Para piorar, ela é feita por computador, e por ser um filme de baixo orçamento, a computação gráfica é um horror (no mau sentido da palavra), somente no final ela é feita por um dublê masculino. E com essa perda de impacto, o diretor ainda se deixa levar por aquele velho sistema do aumentar o som repentinamente com um barulho agudo e alguma coisa indo em direção à plateia. Ao longo da projeção, o filme vai caindo no lugar comum. Aquele tipo de filme onde personagens veem coisas anormais em casa e se tornam detetives de uma hora para outra, fazem coisas estúpidas a todo o momento e a sensação de novidade se perde. A única que se salva é, o que não é surpresa para ninguém, Jessica Chastain, que foge dos estereótipos de mulheres protagonistas burras fugindo de fantasmas sendo integrante de uma banda de rock e tendo atitudes diferentes do habitual vistos no gênero.

Fazendo essas ressalvas, “Mama” é um filme que perde a oportunidade de chocar mais brincando com o imaginário do público como no começo, mas que ainda assim vale a pena ser visto. A primeira hora é de dar alguns pulos no sofá e abraçar a pessoa do lado (menos se esta for a sua mãe). 

Em tempos onde é praticamente impossível ter essas sensações assistindo a um filme de terror no cinema, vale a pena.



Título: Mama
Lançamento: 2013
Direção: Andres Muschietti
Duração: 100 minutos
Elenco: Jessica Chastain, Nikolaj Coster-Waldau,
Megan Charpentier, Daniel Kash, Julia Chantrey
Gênero: Terror
Classificação: 14 anos
Nota: 3/5

3 comentários:

Clóvis Marcelo disse...

Quando vejo cartazes e filmes com faixada de Terror já me desanimo em assistir. Creio que ultimamente (ou desde sempre, não sei) esse gênero serve apenas para assustar ou para deixar tensão no ar quando bem explorado e mesmo assim não vejo histórias produtivas e sempre termina "isso por isso mesmo". Prefiro os gêneros de Suspense pois normalmente envolvem história. Espero que com o passar do tempo surjam filmes de terror que valham mais a pena assistir. Abraço! http://defrentecomoslivros.blogspot.com

Michele Rodrigues disse...

Minha opinião em relação a esse filme é igual a sua. Também esperava mais, e achei que poderia ser melhor. Odiei o final. E realmente, hoje em dia os filmes de terror não são tão bons :/
xx

beafreebird.blogspot.com.br

Simoes disse...

ja vi so n gostei do final u.u

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