O Clube de Boxe de Berlim por Robert Sharenow

Original: The Berlin Boxing Club
Autor: Robert Sharenow
Editora: Rocco (Twitter/Facebook)
Tradutor: Raquel Zampil
Páginas: 392
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Karl Stern nunca esteve numa sinagoga. Mas para os valentões de sua escola em Berlim a simples ascendência judaica da família faz dele uma vítima da perseguição nazista. Para se defender, o garoto começa a treinar boxe com o campeão Max Schmeling, e logo encontra no esporte uma paixão que o ajuda a ganhar coragem não só no ringue, mas na difícil vida fora dele. Quando Schmeling é cooptado pelo regime nazista, no entanto, Karl começa a se perguntar em quem pode realmente confiar. Mesclando ficção e fatos históricos, o pesquisador Robert Sharenow constrói um emocionante romance de formação ambientado na Alemanha de Hitler.

Eu sempre fui muito empolgado quando se trata de livros históricos, eu gosto muito do tema e acho que ter esse clima de que tudo o que está acontecendo neste cenário não foi mentira, que aconteceu de verdade, traz um quê a mais a toda e cada história e quando o período histórico selecionado pelo autor para contar o que tem em mente é uma guerra, aí sim as coisas ficam mais envolventes ainda. 

Karl Stern é um judeu, mas o fato de que ele não parece ser um o ajuda a sobreviver na sociedade nazista, ele é magro, seu nariz não é como os dos judeus, nem o rosto, nada é, e essa máscara o protege, porém a verdade sempre vem à luz e um dia, depois de sair da sala de aula, Karl é surpreendido por um grupo de garotos nazistas que usam da violência física e moral para atacar o personagem, o ato se repete e Stern fica cada vez menos satisfeito com a sociedade em que vive.

Depois de ser pego pela gangue nazista, Stern fica com um dos seus olhos roxo e com alguns hematomas pelo corpo, porém, com medo de ser atacado novamente, fala para os pais que tinha caído da escada e batido o rosto, e eles acreditam, ou pelo menos fingem que acreditam. Junto de sua irmã mais nova, o protagonista auxiliava seu pai na galeria de arte da família, onde eles tentavam vender os quadros que possuíam quando acaba conhecendo Max Schmeling, um lutador de boxe muito famoso, e é claro que este lutador reconheceria o hematoma de um soco e acaba revelando a verdade aos pais do garoto.

Schmeling acaba se interessando por um quadro — onde sua própria imagem é retratada —, mas o pai recusa aceitar vender o quadro, que na sua opinião era insubstituível e uma lembrança do autor da obra, Max aumenta o seu preço, mas ele não cede. Mas Schmeling tem uma carta irrecusável na manga: oferece sua assistência à Karl e diz que, se seu pai vendesse o quadro, ele o treinaria, empolgado com a ideia de ser treinado por um dos melhores boxistas do mundo, o pai finalmente cede e aceita a proposta.

O livro trouxe à tona muitos sentimentos sobre o Holocausto, principalmente porquê eu não imaginava que, naquela época, alguns judeus conseguiam se maquiar e tentar viver em meio ao caos, achei muito boa a forma como Robert usou para introduzir seus personagens e os fatos que iriam acarretar o final, e também a forma como ele misturou a história com a ficção, mas acho que ele poderia ter esculpido uma obra muito mais profunda e realística do que realmente o fez.

O mundo está enloquecendo, Karl. E quando o mundo está louco, um homem são nunca está bem.

Os personagens foram todos bem construídos e Robert utilizou uma tática que me chama muito atenção e que sempre me faz gostar mais da leitura: todo e cada personagem tem sua contribuição para a história e para a conclusão dela e também deixou vários questões no ar, deixando a ideia de que a história, assim como toda história, tem sua continuação e suas consequências.

O Clube de Boxe de Berlim me prometeu muito, cumpriu parte das promessas, mas deixou outras ali, intactas, creio que se o livro tivesse sido mais intenso eu teria gostado mais, mas ainda assim eu gostei, talvez eu só não tivesse superado minhas expectativas pois esperava que este se assemelhasse à A Menina que Roubava Livros, o que, mesmo quase conseguindo, é quase impossível. Ainda assim recomendo para todos os que gostam de ler livros que misturam fatos com ficção, livros históricos e com personagens cativantes.

4 de 5