Entrevista com Diogo de Souza
quinta-feira, julho 07, 2011
Entrevista com Diogo de Souza, autor de Nêmesis.
01- Quando descobriu que tinha vontade de se expressar através da escrita?
Desde a minha infância eu leio muito. Lá pelos meus 17 anos, eu tive a ideia de escrever meu primeiro livro: uma ficção científica. Por sorte, já naquela época eu consegui perceber que ficou muito ruim, e resolvi não levar adiante. Depois disso, vez ou outra eu escrevia alguma coisa (geralmente voltada a teatro ou a RPG). Foi em 2005 que eu tive a vontade de escrever um livro para publicar mesmo, e daí acabei dando corpo ao "Fuga de Rigel".
Mas não tem um momento em que eu tenha percebido isso. É uma ideia que sempre me acompanhou. Escrever é a única coisa que eu posso fazer para que essas vozes na minha cabeça parem de ficar sussurrando tramas, personagens e enredos o dia todo para mim.
02- Você já escreveu três livros, Fuga de Rigel, Abascanto e Nêmesis. Qual deles gostou mais de escrever?
Ish... não tem isso. Cada um foi um prazer diferente, cada um foi um sabor inigualável. Eu procuro escrever cada livro meu como se fosse o melhor livro da minha vida, então todos acabam sendo deliciosos para mim.
O "Fuga" eu escrevi de uma tacada só. Foi rápido, violento, impulsivo. Escrever o fuga foi uma paixão desenfreada, daquelas que avassalam por onde passam, e depois só sobra a calmaria.
Já o "Abascanto" foi bem diferente. A história de Abascanto era uma trama que vinha me perseguindo desde antes de eu começar o "Fuga". Escrever Abascanto foi um namoro prolongado, foi um processo de descobrir as nuances da trama, de cortejar o livro até que resolvesse se revelar para mim. Foi uma conquista, foi uma caçada.
Por fim, o "Nêmesis" foi um trabalho de escultor. Eu tinha o sentimento que eu queria passar na minha frente, bruto, como um bloco de pedra, e fui lapidando-o parte a parte, pouco a pouco, até que a textura ficasse bem lisa, o enredo bem acabado, a trama super amarrada. Escrever o "Nêmesis" foi um processo de garimpagem, de paciência, e foi saboreado um pouquinho mais cada vez que eu sentava para escrever.
E o quarto livro que eu estou escrevendo agora está sendo diferente desses três. Mas como não terminou ainda, reluto em oferecer qualquer opinião formada sobre ele.
03- Quando você estava escrevendo algum dos seus livros, já teve vontade de parar por achar que estava ruim? Se sim, como procedeu?
Nos três primeiros isso não aconteceu. Eram minhas obras iniciais. Eu tinha um sentimento e queria passá-lo a qualquer custo. O objetivo era claro e a minha técnica era suficiente. Mas isso está acontecendo agora, no meu quarto livro.
Eu construí o cenário, estabeleci os personagens, escrevi o roteiro - tudo direitinho. Me sentei para escrever e lá pela página 80 fui reler tudo de novo e achei um lixo.
A gente cresce, ganha nova bagagem, se torna mais crítico, e acaba por desejar vôos mais altos. O estilo de narrativa que eu desenvolvi nos meus primeiros 3 livros não me agrada mais. Neste quarto, eu quero mais, eu quero ir adiante, quero um salto maior. O objetivo continua claro, mas a técnica não acompanhou.
Então o que eu estou fazendo com relação a isso? Treinando. Estou fazendo exercícios literários. Descrições, narrativas e diálogos descompromissados para testar novos estilos. Resolvi também reescrever o resumo do livro do zero. Repensar todos os personagens, abordar a construção da trama de outros ângulos.
Ainda não sei no que vai dar. Daqui um tempo eu falo.
04- Os personagens do seu livro são inspirados de alguma forma em pessoas reais?
Não. Quando eu penso em um personagem, eu não penso em "alguém" que eu conheça, mas penso em um grupo de características que precisam compô-lo. Meus personagens são uma colagem de pontos fortes e fracos, gostos e desgostos, vulnerabilidades e forças. Se algum deles acaba saindo parecido com alguém, não é minha intenção.
Quando eu penso em personagens, divido tudo em dois grandes grupos: os principais são aqueles cuja personalidade eu quero explorar. Eles existem para fazerem coisas que denotem quem eles são, por dentro. Eles são quem vai mover a trama do ponto de vista emocional. E há os secundários, que eu coloco apenas para criar uma situação que revele um pouco mais dos principais.
Um livro ideal, para mim, teria apenas personagens principais: todos tem uma personalidade que se revela pelas situações causadas por todos. Quem sabe, um dia eu chego lá. Para um exemplo de uma história assim, vejam "O Jogo de Tronos" do George Martin, ou a maior parte das tragédias de Shakespeare.
Rapidinhas
Um autor: George R. R. Martin.
Um livro: O Tao Te King
Uma música: "Viva La Vida" do Coldplay
Um filme: Inception (traduzido aqui como "A Origem")
Um sonho: O mesmo descrito na música "Imagine", de John Lenon.
Uma pessoa: Francisco de Assis
Uma frase: "Vivemos num mundo tão singular, que o viver é só sonhar" (Pedro Calderón de la Barca)
4 comentários:
Que entrevista lecaaaaaaal Anderson!
Em primeiro lugar,achei a capa do livro do Diogo linda!
*--*
O Diogo tbm parece ser super legal...ele adora ler,gosta de Coldplay e de George R. R. Martin o/
Parabéns pela entrevista! (pra vcs dois)
(:
Parabéns pela entrevista Anderson! Já li o livro do Diogo de Souza, Fuga de Rigel, e curti bastante. Abraços!
Esse é O cara! Muito boa mesmo a entrevista ahsuhausha cara, não consegui deixar de ler, ele é tão bom! Proximo ponto, ler um dos livros né? Adorei :D
Beijos,
Julia
Http://www.booksworld.co.cc
Oi Anderson!
Fiquei interessado pelo "Nêmesis". Parabéns pela entrevista. Bem que seria legal se você fizesse uma promo do livro aqui no Hooked, né?
- Matheus, Bobagens e Livros
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